sábado, 11 de março de 2017

Serena voz imperfeita - Fernando Pessoa

Serena voz imperfeita, eleita
Para falar aos deuses mortos.


A janela que falta ao teu palácio deita
Para o Porto todos os portos.

Faísca da ideia de uma voz soando
Lírios nas mãos das princesas sonhadas,
Eu sou a maré de pensar-te, orlando
A Enseada todas as enseadas.

Brumas marinhas esquinas de sonho…
Janelas dando para o Tédio os charcos…


E eu fito o meu Fim que me olha, tristonho,
Do convés do Barco todos os barcos…


Fernando Pessoa

2 comentários:

Rita disse...

Lindo poema de Pessoa ilustrado por você!

Daniela disse...

Você é um homem sábio, Prince! Os poemas são belíssimos! Fernando Pessoa fala de um fim com muita maestria e arte! Beijos!